Agora que já contei a história de cada uma delas, vou colocá-las de novo em cima da geladeira. Mas acho que elas gostaram de ficar uns dias no meu quarto.
A Ulla, que é a mais minha amiga e me conta tudo que elas falam, me disse há pouco que até a Otília achou muito chique essa porção de livros. A Gabi, coitada, analfabeta, perguntou — imaginem — pra que serviam. A Ulla disse que de vez em quando tem vontade de ensinar ela a ler, mas depois pensa que a Gabi é muito burra, não vale a pena.
Por natureza, franga é mesmo meio burra. Umas mais, outras menos. Tem exceções, claro. A Juçara, por exemplo, eu acho triinteligentinha, Mas a Gabi... Já falei sobre isso com a Jacqueline, ela também acha a Gabi burríssima. Mas melhor ser burra e boazinha como ela do que burra e metida como a Otília, não é?
(Ai, que medo me deu agora que a Gabi e a Otília descubram que ando falando essas coisas pra vocês!)
Mas mesmo que a Gabi soubesse ler, ela não ia se importar nem um pouco. A Gabi nunca guarda mágoa de ninguém. Pensando bem, acho que ela é a mais franga de todas. Porque franga que se preza é assim mesmo: boa o tempo todo, nunca pensa em machucar ninguém. E burra de pedra.
Vai ver, é por isso mesmo que gosto tanto de frangas. Pensando melhor, também porque quando eu era criança brinquei tanto perto daquele galinheiro que fiquei conhecendo bem a intimidade delas. A intimidade de uma franga é a coisa mais bonita que tem. Exatamente porque é meio boba.
Não é que pensei outra coisa de gente grande? Esta é assim: tudo que parece meio bobo é sempre muito bonito, porque não tem complicação. Coisa simples é lindo. E existe muito pouco.
Às vezes penso que quando eu puder, um dia, morar de novo numa casa com um pátio enorme — nem precisa ser muito enorme — vou ter galinheiro de verdade.
Já pensou?
Aí podia até ter um cachorro que se chamasse Faruque — esse ia ser o Faruque II, mais nome de rei ainda. Ou então uma cadela que se chamasse Cadeluda. Nossa! Pensei agorinha que podia também ter uma horta que nem aquela que falei. Como a casa ia ser minha, eu ia colocar couve-flor na sala, em vaso, que nem rosa. Até um poço de água encontrada com forquilha, podia ter. E peras. E uvas cor-de-rosa. E legumes sem veneno nenhum.
É que vezenquando dá uma saudade na gente dessas coisas. São todas coisas simples. Meio bobas, muito bonitas. Que nem as frangas.
Mas tudo bem. A gente sempre pode inventar. Inventar é uma das melhores coisas que tem no mundo. A Otília ainda não descobriu, mas a coisa mais chique do mundo é inventar. Que nem a Clarice, que inventou a história da Laura.
Só que eu não inventei quase nada da Ulla, da Gabi, da Maria Rosa, Maria Rita e Maria Ruth, da Otília, da Juçara, da Blondie. Elas existem mesmo, são bem como eu disse. Estão em cima da geladeira aqui de casa pra quem quiser ver. Vem tomar um guaraná comigo que eu te mostro.
Se você quiser, invente uma história e mande pra mim. Se for história de franga, melhor ainda. Prometo ler pra elas ouvirem. E, se você não tem um pátio enorme nem um galinheiro de verdade, também pode inventar um em cima da geladeira ou em qualquer outro cantinho. Eu gosto muito quando acordo de manhã e vou fazer café na cozinha. Aí as oito frangas cacarejam e repetem assim, oito vezes, uma cada uma:
— Bom dia!
— Bom dia!
— Bom dia!
— Bom dia!
— Bom dia!
— Bomdia!
— Bom dia!
— Bom dia!
Não é que dá certo? Quase sempre, o dia é bom mesmo. Principalmente quando eu invento sem parar.
Pois não estou falando o tempo todo que franga, além de ser um bicho bom de ter por perto, dá sorte? Se elas não existissem, eu nem tinha escrito esta história. E acho que escrever uma história é uma coisa muito boa. O coração da gente fica mais quentinho e a gente gosta mais das pessoas.
A coisa que uma pessoa mais precisa na vida é gostar das outras pessoas e ser gostada, também. Aí, pra ser gostado, a gente escreve histórias. Você gostou desta? Daí está tudo certo, porque então você gostou de mim e eu gostei de você também.
Qualquer dia conto outra, combinado?
A Ulla, que é a mais minha amiga e me conta tudo que elas falam, me disse há pouco que até a Otília achou muito chique essa porção de livros. A Gabi, coitada, analfabeta, perguntou — imaginem — pra que serviam. A Ulla disse que de vez em quando tem vontade de ensinar ela a ler, mas depois pensa que a Gabi é muito burra, não vale a pena.
Por natureza, franga é mesmo meio burra. Umas mais, outras menos. Tem exceções, claro. A Juçara, por exemplo, eu acho triinteligentinha, Mas a Gabi... Já falei sobre isso com a Jacqueline, ela também acha a Gabi burríssima. Mas melhor ser burra e boazinha como ela do que burra e metida como a Otília, não é?
(Ai, que medo me deu agora que a Gabi e a Otília descubram que ando falando essas coisas pra vocês!)
Mas mesmo que a Gabi soubesse ler, ela não ia se importar nem um pouco. A Gabi nunca guarda mágoa de ninguém. Pensando bem, acho que ela é a mais franga de todas. Porque franga que se preza é assim mesmo: boa o tempo todo, nunca pensa em machucar ninguém. E burra de pedra.
Vai ver, é por isso mesmo que gosto tanto de frangas. Pensando melhor, também porque quando eu era criança brinquei tanto perto daquele galinheiro que fiquei conhecendo bem a intimidade delas. A intimidade de uma franga é a coisa mais bonita que tem. Exatamente porque é meio boba.
Não é que pensei outra coisa de gente grande? Esta é assim: tudo que parece meio bobo é sempre muito bonito, porque não tem complicação. Coisa simples é lindo. E existe muito pouco.
Às vezes penso que quando eu puder, um dia, morar de novo numa casa com um pátio enorme — nem precisa ser muito enorme — vou ter galinheiro de verdade.
Já pensou?
Aí podia até ter um cachorro que se chamasse Faruque — esse ia ser o Faruque II, mais nome de rei ainda. Ou então uma cadela que se chamasse Cadeluda. Nossa! Pensei agorinha que podia também ter uma horta que nem aquela que falei. Como a casa ia ser minha, eu ia colocar couve-flor na sala, em vaso, que nem rosa. Até um poço de água encontrada com forquilha, podia ter. E peras. E uvas cor-de-rosa. E legumes sem veneno nenhum.
É que vezenquando dá uma saudade na gente dessas coisas. São todas coisas simples. Meio bobas, muito bonitas. Que nem as frangas.
Mas tudo bem. A gente sempre pode inventar. Inventar é uma das melhores coisas que tem no mundo. A Otília ainda não descobriu, mas a coisa mais chique do mundo é inventar. Que nem a Clarice, que inventou a história da Laura.
Só que eu não inventei quase nada da Ulla, da Gabi, da Maria Rosa, Maria Rita e Maria Ruth, da Otília, da Juçara, da Blondie. Elas existem mesmo, são bem como eu disse. Estão em cima da geladeira aqui de casa pra quem quiser ver. Vem tomar um guaraná comigo que eu te mostro.
Se você quiser, invente uma história e mande pra mim. Se for história de franga, melhor ainda. Prometo ler pra elas ouvirem. E, se você não tem um pátio enorme nem um galinheiro de verdade, também pode inventar um em cima da geladeira ou em qualquer outro cantinho. Eu gosto muito quando acordo de manhã e vou fazer café na cozinha. Aí as oito frangas cacarejam e repetem assim, oito vezes, uma cada uma:
— Bom dia!
— Bom dia!
— Bom dia!
— Bom dia!
— Bom dia!
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— Bom dia!
— Bom dia!
Não é que dá certo? Quase sempre, o dia é bom mesmo. Principalmente quando eu invento sem parar.
Pois não estou falando o tempo todo que franga, além de ser um bicho bom de ter por perto, dá sorte? Se elas não existissem, eu nem tinha escrito esta história. E acho que escrever uma história é uma coisa muito boa. O coração da gente fica mais quentinho e a gente gosta mais das pessoas.
A coisa que uma pessoa mais precisa na vida é gostar das outras pessoas e ser gostada, também. Aí, pra ser gostado, a gente escreve histórias. Você gostou desta? Daí está tudo certo, porque então você gostou de mim e eu gostei de você também.
Qualquer dia conto outra, combinado?
Marcadores: As Frangas
belíssimo conto, realmente as frangas sao belíssimas, de uma formosura sem igual, adorei a forma como você escreve, teus livros são ótimos pra ler antes de dormir!
eu não tenho costume de ler.. mais qndo comecei a ler a tua historia eu me apaixoneii... rs vou dormir sonhando com as tuas galinhas boa noite =)
adorei
tenho 7 anos adorei vofazer um trabalho sabre isso
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