A crônica abaixo foi publicada no Caderno 2 em 28 de janeiro de 1987
Jamais esquecerei Lyris Castellani. Mas eu tinha esquecido que jamais esqueceria Lyris Castellani. Só há umas duas semanas, comecei a lembrar outra vez. Deve ter sido provocado por uma crônica de Marcos Rey, perguntando por Elvira Pagã, mas certamente continuou com um encontro casual com Wladir Dupont. Há alguns anos, num jantar, conversando sobre essas deusas misteriosamente desaparecidas - entre mais de dez pessoas (todas versadas nesse ramo da cultura inútil), só o velho e bom Wladir lembrava dela. A minha deusa para sempre preferida: Lyris Castellani.
Não que tivéssemos tocado no assunto, Wladir e eu. Nem uma palavra. Deixei-o na chuva e saí pensando em Lyris - onde andará? onde andará? - assim, numa voragem vertiginosa. Eu precisava saber se havia algo no arquivo do jornal sobre ela: ridículo escrever sobre Lyris sem uma foto. E havia: nem uma linha de texto, mas quatro fotos preciosas - esta escolhida a dedo -, embora nenhuma delas seja daquelas que eu recortava e colecionava, com paixão e estranheza, entre os 12 e os 15 anos. E lá se vão tantos, tantos. De roldão, sem Lyris.
Jamais vou lembrar exatamente da primeira vez que a vi. Mas deve ter sido nas páginas de O Cruzeiro ou Cinelândia. O que Lyris tinha para me enlouquecer tanto? Eu conto, embora doa: tinha olhos verdes profundos-abissais, tinha lábios carnudos de pecado, tinha a cintura fina de vespa e - acima de tudo, antes de nada - Lyris tinha COXAS. Ah, que coxas! Tão grossas e sólidas que merecem este detestável ponto de exclamação que acabo de usar. As coxas de Lyris eram tão monumentais que, aos poucos, consegui iniciar e seduzir meu irmão Gringo e meu primo Beco nos mistérios de Lyris. E Lyris deixou de ser nome próprio para se tornar substantivo, sinônimo de: coxas. Quando a gente espiava um par especial delas, nos comunicávamos em código: "Que Lyris, hein?"
Aos poucos, descobri tudo sobre ela. Lyris era bailarina de O Beco, em São Paulo (e eu lá, nos cafundós da fronteira com a Argentina!), depois foi lançada por Walter Hugo Khoury como atriz séria em A Ilha, ao lado de Eva Wilma e Luigi Picchi, filmado em Bertioga. Andei à cata do filme durante anos. E valeu o encontro: guardo gravada a fogo na memória a imagem de Lyris encostada numa rocha áspera. Com as coxas à mostra. Aquelas coxas. Lembro dela num pequeno papel, em Fronteiras do Inferno, tropical e demoníaca, e de uma cena forte de estupro num filme de cangaço (seria A Morte Comanda o Cangaço?) Em todos eles: olhos verdes fundos como o mar, cintura que se podia fechar numa mão. E coxas. Coxas de coluna grega, coxas morenas de mel e mal, coxas alucinantes onde qualquer um, fácil, poderia perder-se para sempre. Como Ulisses perdeu-se entre as sereias. Como eu me perdi até hoje.
Nunca mais soube dela. Nem Abelardo ou Laurinha Figueiredo souberam informar. Posso imaginá-la casada com um conde austríaco, morando em Viena. Ou numa casinha com quintal, quem sabe em Vila Mariana, entre roseiras. Se quero me doer, penso nela empapuçando-se de gim pelas bocas da vida, com um recorte amarelado de jornal na bolsa, entre vidros de dienpax. Que morta não estará, pois Lyris é imortal. Mas prefiro imaginá-la feliz: as coxas de Lyris eram a garantia mais segura de um futuro daqueles tipo feliz para sempre. Que certamente ela teve.
Mas eu a quero de volta. De alguma forma irracional, como se quer o tempo que se foi. Por favor - como Drummond procurava Luísa Porto, eu procuro Lyris Castellani. Procurem, procurem. Até achar. Só não me digam nada se, porventura, ela teve um destino infeliz. Então prefiro não saber. Melhor guardá-la até o momento de minha morte para sempre assim como a tive, tantas vergonhosas vezes, na minha adolescência. Me escrevam, me telefonem, me dêem notícias de Lyris Castellani. Se por acaso cruzarem com ela na feira, no elevador, no bar da esquina ou no Gallery, digam a Lyris que mando meu mais carinhoso beijo. E que jamais a esquecerei. Domingo último, enlouquecido, casei com ela no altar criado por Mira Haar, em A Trama do Gosto. Casei três vezes. Casaria dez, casaria cem, casaria mil.
Jamais esquecerei Lyris Castellani. Mas eu tinha esquecido que jamais esqueceria Lyris Castellani. Só há umas duas semanas, comecei a lembrar outra vez. Deve ter sido provocado por uma crônica de Marcos Rey, perguntando por Elvira Pagã, mas certamente continuou com um encontro casual com Wladir Dupont. Há alguns anos, num jantar, conversando sobre essas deusas misteriosamente desaparecidas - entre mais de dez pessoas (todas versadas nesse ramo da cultura inútil), só o velho e bom Wladir lembrava dela. A minha deusa para sempre preferida: Lyris Castellani.
Não que tivéssemos tocado no assunto, Wladir e eu. Nem uma palavra. Deixei-o na chuva e saí pensando em Lyris - onde andará? onde andará? - assim, numa voragem vertiginosa. Eu precisava saber se havia algo no arquivo do jornal sobre ela: ridículo escrever sobre Lyris sem uma foto. E havia: nem uma linha de texto, mas quatro fotos preciosas - esta escolhida a dedo -, embora nenhuma delas seja daquelas que eu recortava e colecionava, com paixão e estranheza, entre os 12 e os 15 anos. E lá se vão tantos, tantos. De roldão, sem Lyris.
Jamais vou lembrar exatamente da primeira vez que a vi. Mas deve ter sido nas páginas de O Cruzeiro ou Cinelândia. O que Lyris tinha para me enlouquecer tanto? Eu conto, embora doa: tinha olhos verdes profundos-abissais, tinha lábios carnudos de pecado, tinha a cintura fina de vespa e - acima de tudo, antes de nada - Lyris tinha COXAS. Ah, que coxas! Tão grossas e sólidas que merecem este detestável ponto de exclamação que acabo de usar. As coxas de Lyris eram tão monumentais que, aos poucos, consegui iniciar e seduzir meu irmão Gringo e meu primo Beco nos mistérios de Lyris. E Lyris deixou de ser nome próprio para se tornar substantivo, sinônimo de: coxas. Quando a gente espiava um par especial delas, nos comunicávamos em código: "Que Lyris, hein?"
Aos poucos, descobri tudo sobre ela. Lyris era bailarina de O Beco, em São Paulo (e eu lá, nos cafundós da fronteira com a Argentina!), depois foi lançada por Walter Hugo Khoury como atriz séria em A Ilha, ao lado de Eva Wilma e Luigi Picchi, filmado em Bertioga. Andei à cata do filme durante anos. E valeu o encontro: guardo gravada a fogo na memória a imagem de Lyris encostada numa rocha áspera. Com as coxas à mostra. Aquelas coxas. Lembro dela num pequeno papel, em Fronteiras do Inferno, tropical e demoníaca, e de uma cena forte de estupro num filme de cangaço (seria A Morte Comanda o Cangaço?) Em todos eles: olhos verdes fundos como o mar, cintura que se podia fechar numa mão. E coxas. Coxas de coluna grega, coxas morenas de mel e mal, coxas alucinantes onde qualquer um, fácil, poderia perder-se para sempre. Como Ulisses perdeu-se entre as sereias. Como eu me perdi até hoje.
Nunca mais soube dela. Nem Abelardo ou Laurinha Figueiredo souberam informar. Posso imaginá-la casada com um conde austríaco, morando em Viena. Ou numa casinha com quintal, quem sabe em Vila Mariana, entre roseiras. Se quero me doer, penso nela empapuçando-se de gim pelas bocas da vida, com um recorte amarelado de jornal na bolsa, entre vidros de dienpax. Que morta não estará, pois Lyris é imortal. Mas prefiro imaginá-la feliz: as coxas de Lyris eram a garantia mais segura de um futuro daqueles tipo feliz para sempre. Que certamente ela teve.
Mas eu a quero de volta. De alguma forma irracional, como se quer o tempo que se foi. Por favor - como Drummond procurava Luísa Porto, eu procuro Lyris Castellani. Procurem, procurem. Até achar. Só não me digam nada se, porventura, ela teve um destino infeliz. Então prefiro não saber. Melhor guardá-la até o momento de minha morte para sempre assim como a tive, tantas vergonhosas vezes, na minha adolescência. Me escrevam, me telefonem, me dêem notícias de Lyris Castellani. Se por acaso cruzarem com ela na feira, no elevador, no bar da esquina ou no Gallery, digam a Lyris que mando meu mais carinhoso beijo. E que jamais a esquecerei. Domingo último, enlouquecido, casei com ela no altar criado por Mira Haar, em A Trama do Gosto. Casei três vezes. Casaria dez, casaria cem, casaria mil.
Marcadores: Dispersos
Que belo texto de um jornalista, antes um homem, apaixonado pela distante estrela e cantora Lyris Castellani. Uma estrela de cinema e ou cantora é uma mulher que amamos justo pela distancia; pela idealização; pela esconderijo da deusa na hora-espaço correto. Caio é pura sensibilidade. Um fã ardoroso. Recordo-me dos fãs de Emilinha Borba e Wanderléa. Imagino Vera Fischer sendo objeto de meus maiores 'recuerdos'. Caio obrigado por me fazer emocionar-me. Deusas nos fazem viver, mesmo sendo a vida rude. Obrigado: Hiran Pinel.
Curioso - terminei de assistir no Canal Brasil o filme "Absolutamente Certo" e fiquei deslumbrado/perturbado com a Lyris Castellani que corri para o google para saber quem era essa mulher espetacular. O que descobri foi alguém com a mesma opinião que eu: que mulher é essa!!!???
Lyris Castellani é minha prima de segundo grau. Ela se encontra viva ainda, com sérios problemas de saúde e mora na cidade de São Paulo. Isso é o máximo que posso falar, já que ela deseja o anonimato.
Olá, Sérgio ! Tudo bem? Por gentileza, gostaria de entrar em contato com você. Meu e-mail:alessandro@animusconsult.com.br
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