21.9.06

O dia que Júpiter encontrou Saturno

Foi a primeira pessoa que viu quando entrou. Tão bonito que ela baixou os olhos, sem querer querendo que ele também a tivesse visto. Deram-lhe um copo de plástico com vodka, gelo e uma casquinha de limão. Ela triturou a casquinha entre os dentes, mexendo o gelo com a ponta do indicador, sem beber. Com a movimentação dos outros, levantando o tempo todo para dançar rocks barulhentos ou afundar nos quartos onde rolavam carreiras e baseados, devagarinho conquistou uma cadeira de junco junto a janela. A noite clara lá fora estendida sobre Henrique Schaumann, a avenida poncho & conga, riu sozinha. Ria sozinha quase o tempo todo, uma moça magra querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz. Molhou os lábios na vodka tomando coragem de olhar para ele, um moço queimado de sol e calças brancas com a barra descosturada. Baixou outra vez os olhos, embora morena também, e suspirou soltando os ombros, coluna amoldando-se ao junco da cadeira. Só porque era sábado e não ficaria, desta vez não, parada entre o som, a televisão e o livro, atenta ao telefone silencioso. Sorriu olhando em volta, muito bem, parabéns, aqui estamos.

Não que estivesse triste, só não sentia mais nada.

Levemente, para não chamar atenção de ninguém, girou o busto sobre a cintura, apoiando o cotovelo direito sobre o peitoril da janela. Debruçou o rosto na palma da mão, os cabelos lisos caíram sobre o rosto. para afastá-los, ela levantou a cabeça, e então viu o céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Vista assim parecia não uma moça vivendo, mas pintada em aquarela, estatizada feito estivesse muito calma, e até estava, só não sentia mais nada, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco parada assim, meio remota, o moço das calças brancas veio se aproximando sem que ela percebesse.

Parado ao lado dela, vistos de dentro, os dois pintados em aquarela - mas vistos de fora, das janelas dos carros procurando bares na avenida, sombras chinesas recortadas contra a luz vermelha.

E de repente o rock barulhento parou e a voz de John Lennon cantou every dau, every way is getting better and better. Na cabeça dela soaram cinco tiros. Os olhos subitamente endurecidos da moça voltaram-se para dentro, esbarrando nos olhos subitamente endurecidos dos moço. As memórias que cada um guardava, e eram tantas, transpareceram tão nitidamente nos olhos que ela imediatamente entendeu quando ele a tocou no ombro.

-Você gosta de estrelas?
-Gosto. Você também?
-Também. Você está olhando a lua?
-Quase cheia. Em Virgem.
-Amanhã faz conjunção com Júpiter.
-Com Saturno também.
-Isso é bom?
-Eu não sei. Deve ser.
-É sim. Bom encontrar você.
-Também acho.

(Silêncio)

-Você gosta de Júpiter?
-Gosto. Na verdade "desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra".
-Que é isso?
-Um poema de um menino que vai morrer.
-Como é que você sabe?
-Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.

(Silêncio)

-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

(Silêncio)

-Como é que você sabe?
-O quê?
-Que o menino vai se matar.
-Sei de muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
-Eu não sei nada.
-Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
-Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
-Ninguém compreende.
-Às vezes sim. Eu te ensino.
-Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também.
-Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo?

(Silêncio)

-Você tomou alguma coisa?
-O quê?
-Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, psilocibina, metedrina.
-Não tomei nada. Não tomo mais nada.
-Nem eu. Já tomei tudo.
-Tudo?
-Cogumelos têm parte com o diabo.
-O ópio aperfeiçoa o real
-Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.

(Silêncio)

-Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
-Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
-Alguma coisa se perdeu.
-Onde fomos? Onde ficamos?
-Alguma coisa se encontrou.
-E aqueles guizos?
-E aquelas fitas?
-O sol já foi embora.
-A estrada escureceu.
-Mas navegamos.
-Sim. Onde está o Norte?
-Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.

(Silêncio)

-Você é de Virgem?
-Sou. E você, de Capricórnio?
-Sou. Eu sabia.
-Eu sabia também.
-Combinamos: terra.
-Sim. Combinamos.

(Silêncio)

-Amanhã vou embora para Paris.
-Amanhã vou embora para Natal.
-Eu te mando um cartão de lá.
-Eu te mando um cartão de lá.
-No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
-No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.

(Silêncio)

-Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada do meu lado, olhando de perfil.
-Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
-Vamos nos ver?
-No teu chá. No meu chá.

(Silêncio)

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.

(Silêncio)

-Tudo isso é muito abstrato. Está tocando "Kiss, kiss, kiss". Por que você não me convida para dormirmos juntos.
-Você quer dormir comigo?
-Não.
-Porque não é preciso?
-Porque não é preciso.

(Silêncio)

-Me beija.
-Te beijo.

Foi a última pessoa que viu ao sair. Tão bonita que ele baixou os olhos, sem saber sabendo que ela também o tinha visto. Desceu pelo elevador, a chave do carro na mão. Rodou a chave entre os dedos, depois mordeu leve a ponta metálica, amarga. Os olhos fixos nos andares que passavam, sem prestar atenção nos outros que assoavam narizes ou pingavam colírios. Devagarinho, conquistou o espaço junto à porta. Os ruídos coados de festas e comandos da madrugada nos outros apartamentos, festas pelas frestas, riu sozinho. Ria sozinho quase sempre, um moço queimado de sol, com a barra branca das calças descosturadas, querendo controlar a própria loucura, discretamente infeliz.

Mordeu a unha junto com a chave, lembrando dela, uma moça magra de cabelos lisos junto à janela. Baixou outra vez os olhos, embora magro também. E suspirou soltando os ombros, pés inseguros comprimindo o piso instável do elevador. Só porque era sábado, porque estava indo embora, porque as malas restavam sem fazer e o telefone tocava sem parar. Sorriu olhando em volta.

Não que estivesse triste, só não compreendia o que estava sentindo.

Levemente, para não chamar a atenção de ninguém, apertou os dedos da mão direita na porta aberta do elevador e atravessou o saguão de lado, saindo para a rua. Apoiou-se no poste da esquina, o vento esvoaçando os cabelos, e para evitá-lo ele então levantou a cabeça e viu o céu. Um céu tão claro que não era o céu normal de Sampa, com uma lua quase cheia e Júpiter e Saturno muito próximos. Visto assim parecia não um moço vivendo, mas pintado num óleo de Gregório Gruber, tão nítido estava ressaltado contra o fundo da avenida, e assim estava, mas sem compreender, fazia tempo. Quem sabe porque não evidenciava nenhum risco, a moça debruçou-sena janela lá em cima e gritou alguma coisa que ele não chegou a ouvir. Parado longe dela, a moça visível apenas da cintura para cima parecia um fantoche de luva, manipulado por alguém escondido, o moço no poste agitando a cabeça, uma marionete de fios, manipulada por alguém escondido.

De repente um carro freou atrás dele, o rádio gritando "se Deus quiser, um dia acabo voando". Na cabeça dele soaram cinco tiros. De onde estava, não conseguiria ver os olhos da moça. De onde estava, a moça não conseguiria ver os olhos dele. Mas as memórias de cada um eram tantas que ela imediatamente entendeu e aceitou, desaparecendo da janela no exato instante em que ele atravessou a avenida sem olhar para trás.

60 comentários:

  1. Anônimo15:34

    adoro adoro adoro esse.

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  2. acho que contos assim não precisam de comentário...
    Ele tá completo... perfeito. muito bom...

    =)

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  3. Anônimo12:00

    muito bom!!!

    '-Vou te escrever carta e não te mandar.'

    adoro essa parte rs

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  4. acho que contos assim não precisam de comentário...
    Ele tá completo... perfeito. muito bom... [2]!

    extremamente sensível =)

    beijos

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  5. Com certeza um dos meus favoritos.

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  6. Anônimo09:11

    Simplesmente perfeito!!!

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  7. acho que contos assim não precisam de comentário...
    Ele tá completo... perfeito. muito bom... [3]

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  8. Anônimo20:32

    Eu sonho em um dia ter uma conversa dessas com alguém, em algum lugar...

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  9. Na verdade "desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra".

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  10. Anônimo20:02

    Saturno e Júpiter dificilmente se encontrariam. Se encontrar é se perder porque o tempo não existe.

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  11. Anônimo20:24

    Na grande maioria das vezes, sentimo-nos como peças de um tabuleiro misterioso, aberto aos olhos de deuses contemplativos e determinados a nos proporcionar a colheita do que plantamos. Saturno e júpiter nunca se encontrarão...

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  12. Anônimo16:47

    posso simplesmente falar UAU?

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  13. Anônimo19:02

    É demais!!!!

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  14. Karla09:40

    Pois é... "Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem"... e também não sei se "se tudo isso foi um encontro ou uma despedida"... mas sei que é natural... simples e natural...

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  15. isto caiu como uma luva representa extamente a relaçaõ que tenho com a mulher que amo

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  16. Perfeito!!! Eu e uma amiga, Nina. Fizemos uma adaptação desse conto, para uma apresentação da facul, onde demos um selinho no final, ficou super legalz. Ah! 'Bom encontrar você's'

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  17. Quando eu aprender a escrever como homem gostaria de escrever algo assim. denso, simples e lindo.

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  18. leticia23:14

    Eu sonho em um dia ter uma conversa dessas com alguém, em algum lugar...

    simplesmente perfeito!

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  19. Anônimo01:33

    Perfeitoooo! adoreiiii (:

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  20. Vindo de Caio, não há como não ser perfeito!
    "O infinito é nunca. Ou sempre."

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  21. - O tempo não existe.
    - O tempo existe, sim, e devora.

    Conto lindoo!

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  22. É simplesmente o conto mais lindo que já li em todaminha vida!

    Perfeito!

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  23. Um belo conto, encontrado por acaso, por este jovem de Virgem haha, muito bom =)

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  24. Odara Guimarães13:13

    Muito bom !
    Eu vi uma comunidade um trecho e despertou minha curiosidade !
    Lindo o texto

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  25. Este conto faz parte de minha vida desde os 17 anos...intrigante,sem ser pesado.Lindo!

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  26. Anônimo14:26

    perfeito, çç

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  27. P-E-R-F-E-I-T-O *-*

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  28. ' Eu sou "fã" de Caio F. a muito pouco tempo, no entanto, este texto foi o primeiro que eu li; é bom pra carai, a maneira que ele é escrito, ele entra em todos os detalher de Jupiter & Saturno é muito bom.

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  29. Caio, boa tarde! Tenho 14 anos e estou abismada com o que você escreve, já que tenho um fascínio por escritas difíceis e "sombrias"! :)
    Estes dias estava eu sentada na Sala de Leitura do meu colégio com uma professora que corrige as minhas escritas e com uma nova estagiária que me simpatizei muito. Ela me adorou logo e, no dia seguinte, trouxe para mim o seu blog. Pediu para eu dar uma olhada e falou que a minha maneira de escrever é parecida com a sua...
    Eu, particularmente, não sou muito fã do que eu escrevo, porém achei, só pelo nome, o seu blog muuuuuito interessante.
    Estou eu aqui agora lendo grande parte dos seus textos e confesso que estou completamente APAIXONADA pelo seu modo tão simples, mas tão mágico de escrever.
    Agora vejo que a nossa Literatura possui peças de ouro, coisas de outro mundo!
    Obrigada por compartilhar conosco as suas inspirações. E mais ainda por me transmitir valores importantes!!!!
    Parabéns. :D

    Evellyn Ponciano.

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  30. Anônimo00:38

    Amo , amo, amo, Caio Fernando .. Está louca a procura desse conto , maravilhoooooso!

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  31. Anônimo00:38

    Estava *

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  32. É possível amar e odiar um mesmo conto por razões diferentes, ou talvez, pela mesma razão?

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  33. Não consigo ler e não chorar no fim.

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  34. Kary War19:34

    Caio sempre Caio. Vamos nos ver?

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  35. Kamylle02:37

    De que livro é esse conto ?

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  36. Anônimo01:51

    esse conto é do livro morangos mofados

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  37. Este comentário foi removido pelo autor.

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  38. Simplesmente magnífico , um dos melhores ♥

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  39. Charles14:34

    Mari brought me heeere!! (:

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  40. Simplismente o melhor conto que ja li na vida

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  42. Anônimo08:33

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